quinta-feira, 28 de abril de 2011

Puthus e o Ciúme

ELE
Será que ele a encoxava na pia da cozinha
Ela com uma cebola na mão
E a faca na outra
Vadia gloriosa
Sem medo
Os filhos na escola
Ou com ex marido
A porta da geladeira aberta
Um sorriso de vagabunda:
Quer apresuntado? Cerveja?
Ele olha os peitos grandes
O decote da blusa
As rugas na cara
O dente preto
Efeito do remédio
De noites de tédio
E falta de grana
Sorrindo no Orkut
É na foto de família
Que família?

Ela perdida em hotéis
Na parte podre de são Paulo
Tantas tardes
Ele jovem, menino
Sexo
Não, amor
Desterro
Um encontro em colchões estrangeiros
Cheiro de sexo
Traição
Sorriso de vagabunda
Um feto
Uma dança
Não me toque
Meus filhos
Mais um natal
Mais um ano novo
Outro enterro
Mais chuva
Outro verão
Praia
Interior de são Paulo
Cães ladrando
Morrendo
Envenenando-se
Saliva de cão na minha cara
Na boca
Nesse colchão
Relato policial
‘Não temos quem foi’
Confundiram meu nome
Meu remédio
Minha dor
Aplicaram errado
Letargia de uma vida sem sentido
A porta da geladeira fechou
O sorriso engastou
Só ferrugem
E um dente podre que sobrou












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